UNIDADE - PODER DE DEUS - 1Co. 1.10-18

"Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer." (v.10).  "Dizer a mesma coisa, sejais unidos em um mesmo pensamento e um mesmo parecer". Isso é o que podemos chamar de UNIDADE entre irmãos. Não importa se temos um DNA diferente, se temos virtudes e defeitos diferentes, digitais diferentes, o importante e que possamos está unidos sem deixar brechas para dissensões.

E o que é isso? Dissensão, significa falta de entendimento ou divergência de opiniões entre duas ou mais pessoas. Condição de disputa, litígio, desavença: existem as dissensões entre pais e filhos, entre irmãos, sejam de sangue ou da igreja, que terminam por estragarem suas relações por esse motivo. É divergência de opiniões, de interesses, de sentimentos etc. Paulo diz: "Aqueles que praticam tais coisas não herdarão o reino do céu.", foi uma advertência muito dura de Paulo em Gálatas 5:19-21, que é também muito clara sobre o assunto.

1. COMO CAMINHAR COM AS DIFERENÇAS

a) Diferenças de opinião não devem nos impedir de caminhar no Reino.

Grandes homens de Deus podem diferir sobre como fazer a obra de Deus sem perder seu respeito mútuo e o foco do Reino. Um exemplo claro disto é a discordância entre Paulo e Barnabé em Atos 15:36-41. Evangelistas devotos e experientes, que em um determinando momento da caminhada tinham uma diferença de opinião sobre se levavam João Marcos na sua viagem de pregação. Eles tinham boas razões para suas posições:
 - Paulo lembrou que Marcos tinha-os abandonado quando o caminho se tornou difícil em sua primeira viagem (Atos 13:13);
 - Barnabé, já conhecido por sua habilidade para encorajar e edificar seus irmãos, ainda tinha esperança de que Marcos viria a ser um companheiro confiável. Este otimismo mostrou-se correto (2 Tm 4:11), mas as preocupações imediatas de Paulo também eram compreensíveis.
Como lidarem agora com suas diferenças, mesmo sendo homens maduros e experientes na obra? Eles optaram pela liberdade de fazer a obra sem fazerem ataques pessoais ou denunciarem seus companheiros. Não podemos deixar que nossas diferenças atrapalhem nossa caminhada no Reino, impedindo que o poder de Deus venha manifestar-se através de nossas vidas.

 2. Diferenças doutrinárias não podem nos impedir de caminhar no Reino

Jesus freqüentemente teve discussões sobre diferenças doutrinárias com líderes religiosos do seu tempo. Ele tratava os questionadores honestos com bondade e respeito, mas não hesitava em afirmar seus pontos de vista e em mostrar a inconsistência daqueles que se opunham à Verdade. É interessante ver os textos de  Mateus 22:29; 23:13-39; João 5:37-42.
Os cristãos primitivos também discutiam abertamente as diferenças doutrinárias e assim permitiam que a luz da Verdade brilhasse nas trevas dos erros humanos. Um excelente exemplo de tal discussão é encontrado em Atos 15:1-35.

Alguns irmãos na igreja de Jerusalém estavam ensinando uma doutrina que contradizia o que Deus tinha revelado a Paulo e a outros. Os apóstolos e presbíteros e, mais tarde, toda a congregação, sentaram-se para discutir o problema. Homens de boa fé permitiram que a Verdade prevalecesse, e seus debates conduziram a concordância unânime e a paz mais profunda. Diferenças doutrinárias não podem nos impedir de dizer a verdade, nem muito mesmo nos atrapalhar a caminhada de servos.

3. Diferenças de maturidade e de consciência pessoal não podem nos impedir de caminhar no Reino

Não se engane, sempre haverá diferenças de níveis de maturidade em os irmãos. Isto é natural e não deverá causar divisões. Uns gostam de buscar conhecimento e intimidade com Deus e outros muitas vezes não tem o mesmo zelo. Paulo abordou especialmente este assunto em Romanos 14. Quando há diferenças de opinião, aqueles que sentem uma liberdade maior deverão respeitar a consciência do irmão sincero que não reconhece essa mesma liberdade. Assim como os membros maduros de uma família física protegem os mais novos, aqueles discípulos com entendimento mais maduro procurarão proteger as consciências de seus irmãos mais fracos. Aqueles que são mais fracos, se amam verdadeiramente o Senhor, naturalmente buscarão crescer.

Tais diferenças são freqüentemente resolvidas com estudo, de forma paciente e continua, lembrando que todo o corpo deve busca edificar-se em amor (Efésios 4:15-16), a base para o desenvolvimento cristo. A Bíblia diz: "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. (Os.4.6). Falta diligencia no estudo da Palavra. Porém, temos que tomar cuidado porque o excesso também é ruim. Paulo diz: "Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica". (2Co. 3.6).

Devemos buscar o conhecimento, mas termos humildade para que o mesmo não provoque em nossas vidas, ostentação e arrogância em relação aos demais que tem pouco conhecimento. Jesus nos mostra como caminhar com as diferenças de forma bem simples: "Não será assim entre vós. Ao contrário, quem desejar ser importante entre vós será esse o que deva servir aos demais".  (Mt.20.26)

2. CUIDADOS COM ESTES PONTOS

a) Falsas doutrinas

Pregações por motivos egoístas, criam divisão (Romanos 16:17-18). Estes que usam dessa pratica devem ser fortemente combatidos e se for o caso, evitados (Tito 1:10-16; 3:10-11). Ensinamentos falsos conduzem à divisão porque não poderá haver comunhão entre a luz e as trevas (2 Coríntios 6:14 - 7:1). Todo cristã deve procurar conhecimento e buscar manter-se longe das falsas doutrinas e das práticas pecaminosas. Nem todas as separações ou divisões são erradas porque a palavra de Deus exige que nos separemos daqueles que persistem no erro. Falsas doutrinas podem atrapalhar a caminhada no Reino.

b) Não faça um irmão tropeçar

Em Romanos 14:13-17, Paulo falou de coisas que não eram erradas em si, mas disse que é divisor e falta de amor insistir em exercer liberdades se elas farão um irmão tropeçar. Pode ser bom para nós, mas se vai prejudicar um irmão, então temos que assumir o dano em prol da paz com nossos irmãos. Determinação egoísta em fazer o que queremos do modo que queremos, sem respeito para com os nossos irmãos, reflete arrogância sem amor que inevitavelmente cria discórdia. Paulo ensina que deveremos buscar amorosamente entender nossos irmãos mais fracos e manter a paz com todos.

c) Intransigência

A intransigência é diretamente ligada a religiosidades, onde vemos todos os dias pessoas preocupadas com "nós" e "eles" e "nosso" e "deles", perdendo o foco com o Reino e as coisas de Deus. Jesus ofereceu uma solução simples e direta para tal atitude arrogante: "Falou João e disse: Mestre, vimos certo homem que, em teu nome, expelia demônios e lho proibimos, porque não segue conosco. Mas Jesus lhe disse: Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós" ou "... quem não é contra nós é por nós" (Lucas 9:49-50; Marcos 9:40). Essas palavras de Jesus não devem ser esticadas para dizer que devemos aceitar cegamente a todos (veja Mateus 12:30, que mostra que não podemos ficar neutros sobre Jesus; ou somos a favor, ou somos contra ele). Mas estes textos de fato mostram que não devemos rejeitar alguém só porque ele não pertence ao nosso grupo. Muitas pessoas estão ocupadas em julgar as raízes quando devem estar julgando os frutos (Mateus 7:15-16).

Paulo tinha uma linhagem religiosa tão boa como qualquer um à volta dele, mas dizia que considerava isso tudo "perda por causa de Cristo" porque ele punha total confiança em Cristo e sua justiça (Filipenses 3:7-11). Paulo não estava preocupado com a aprovação ou a permissão de qualquer homem ou organização humana (Gálatas 1:10-12,17), somente com a pregação e a prática do puro evangelho de Jesus Cristo. Em vez de agir como políticos que precisam fazer uma pesquisa de opinião para saber de que lado o vento está soprando, precisamos estar firmemente assentados sobre a rocha da verdade de Deus (Efésios 4:11-16,24). Deus sempre vence, e a vitória é garantida para aqueles que permanecem com ele (Romanos 8:31-39).

d) Orgulho e inveja

1 Coríntios é uma epistola que trás vários exemplos sobre o assunto. As facções eram uma constante naquela igreja. Comportamentos carnais de pessoas que estavam mais preocupadas com suas próprias reputações e influências do que com o povo de Deus (1 Co. 3:1-17). Se pensarmos que somos maiores e melhores, seremos dominados pelo orgulho. Se temermos que outros estejam ganhando a corrida, seremos dominados pela inveja e o ciúme. Não importa quem está na frente; todos que estão na corrida estão errados! Temos que deixar as competições e a busca de reconhecimento humano na planície de Sinear e retornar à pregação da mensagem simples da cruz de Cristo (1 Co 2:1-5; Gn 11:1-9).

CONCLUSÃO

Nosso foco enquanto cristão deve ser sempre o de caminhar fazendo a obra de Deus independente das diferenças, sabendo que "a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." (1 Co 1:18). É a Palavra e o Espírito Santo que deve nos guiar na comunhão e pregação do evangelho, de forma que nossas vidas possam não só refletir Cristo, mas a Palavra Viva em cada um de nós, enfatizando a UNIDADE e o poder de Deus operando em nós.