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"GOVERNAR BEM" - ORIENTAÇÃO PARA TODO OBREIRO - I TM 5.17

Essas poucas linhas serão compostas por uma série de instruções importantes para todos aqueles que são obreiros que trabalham na obra do Senhor ou que desejam servir no Reino.

Primeiro, o texto bíblico diz: "Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.” (Salmos 100.2). Entendemos que a obra de Deus, precisa de pessoas que se dediquem dentro daquilo que o Senhor os chamou a fazer (Jo. 15:16; I Pe. 1:12). Existem coisa como a dedicação, cuidado, respeito e amor (Jr. 48:10) que não podem ficar de fora no serviço cristão, e tudo isso muitas vezes acontecem em momentos de alegria, mas pode também ser regado em momentos de lágrimas e dores como que de parto, como diz Paulo: (At. 20:19; Gl. 4:19).

Segundo, Paulo sempre falou da necessidade do obreiro ter qualidades, ser preparado, experimentado, esforçado no desempenho do ministério (ITm. 3:1-16; Tt. 1:5-16). Escrevendo a Timóteo ele fala de três coisas que todo o obreiro deve fazer bem, não podemos valorizar uma mais do que a outra, pois todas são de extrema importância ministerial.

“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por digno de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e no ensino”“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” – “Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre bem o teu ministério”.
(ITm. 5:17; IITm. 2:15; 4:5). Existem instruções importantes que todo obreiro deve observar.

1. GOVERNAR BEM: I TM. 5:17

Governar no grego, em Timóteo é o mesmo que presidir em Romanos 12:8. Tem o sentido de estar à frente (de), liderar, dirigir. Pode se referir também a estar preocupado com, cuidar de, ajudar e ainda ocupar-se com, engajar-se em. Tem referência a liderança no lar (ITm. 3:4; 12) ou na igreja (ITs. 5:12; ITm. 5:17).
Com relação à obra de Deus, o trabalho do Senhor, o sentido ao mesmo tempo em que é amplo, também impõe responsabilidade sobre o que governa; exigindo capacidade e preparo que vem pela graça aliada ao esforço pessoal diante do Senhor. Veja que Paulo diz “Temos diferentes dons, segundo a graça que nos é dada” (Rm. 12:6). A capacidade de governar, presidir, está entre o que podemos chamar de ‘dons do serviço’, os outros são exortar, repartir, presidir, usar de misericórdia. A graça é ampla: pela graça somos salvos (Rm. 5:15,18; 11:6; Ef. 2:5,8,9; Tt. 2:11) e pela graça servimos (Lc. 2:52; Rm. 1:5; ICo. 15:10; Ef. 4:7; Hb. 12:28) é pela graça que também somos capacitados ao uso dos dons.

Governar bem tem sentido de amplo alcance e envolve administração, cuidado, mordomia cristã, despensa cristã (ICo. 4:1-2; Tt. 1:7; IPe. 4:10). Paulo, escrevendo a Timóteo refere-se aos presbíteros, isto é, os anciãos. A palavra presbítero já denota homem maduro, experiente, capaz. Porém Paulo faz menção daqueles que governam e acrescenta ainda com ênfase aos que trabalham na palavra e no ensino. Isto dá a entender que o presbítero – aquele que governa – deve estar intimamente ligado à Palavra, e buscar em Deus a aptidão para o ensino, ou seja, ser “apto para ensinar” (ITm. 3:2), para isso deve haver dedicação pessoal (Rm. 12:7; cf. Tt. 1:9). É importante notar a importância da Palavra e do ensino no desempenho da liderança; os que assim procederem são merecedores de duplicada honra; só se chega ao objetivo de uma boa liderança eclesiástica se o obreiro estiver de acordo com a Palavra de Deus. Quando se distancia da Palavra corre-se grande perigo (ISm. 13;13). Temos exemplos importantes que merecem a nossa atenção:

1.1 NOSSO MAIOR EXEMPLO - "CRISTO GOVERNOU BEM"

Olhando para os evangelhos e as cartas, temos em Cristo o exemplo perfeito a ser imitado, não há ninguém comparável a Ele. O escritor aos Hebreus diz que “Ele foi fiel ao que o constituiu [...]” (Hb. 3:1-3). Cristo é o exemplo perfeito para todas as coisas concernentes a obra do Senhor (Jo. 15:5; ICo. 11:1; Ef. 5:1).

a) Cristo teve o cuidado de fazer o que o Pai mandava (Jo. 5:19; 7:16; 8:28,29; 9:4; 14:31);
b) deu importância à Palavra, ao discipulado, ao ensino (Jo. 4:41,42; 5:39; 6:60);
c) tinha compaixão das multidões por causa das doenças físicas e também por causa do desgarro espiritual e procurava alimentá-las tanto espiritualmente quanto fisicamente (Mt. 9:27-29,36; 14:13-21; 15:29-39; Mc. 8:1-13; Jo. 6:1-15);
d) era afetivo (Mt. 8:3; 19:13-15; Lc. 5:13);
e) tinha intimidade com os doze (Mt. 13:10-11; Mc. 4:10-12; Jo. 6:67-68; 15:15);
f) tinha cuidado com as finanças (Mt. 22:15-22).

Através desses exemplos, Cristo governou bem, com sabedoria e com prudência. Ele esteve junto, liderou na direção do Espírito Santo, se preocupou, ajudou, empenhou-se. Esse é o maior exemplo que podemos extrair das Escrituras para nossas vidas de obreiros.


1.2 O EXEMPLO DOS APÓSTOLOS  - "GOVERNARAM BEM"

Os apóstolos aprenderam com Cristo, o Mestre, foram discipulados por Cristo, e desejaram seguir o exemplo de Cristo deixado em todas as ocasiões (Jo. 13:15). Eles tiveram o cuidado de conduzir a igreja dentro do verdadeiro ensino da Palavra, e quando surgiu problemas com relação às questões sociais tomaram uma atitude na direção do Espírito Santo, e dessa forma não deixaram perecer nem uma nem outra coisa (At. 6:1-7). A seguir pegamos um gancho dos principais apóstolos que tratam do assuntos em suas epistolas:

 - PAULO -
Paulo,
teve o cuidado de levar bem-estar para as igrejas através das suas cartas. Era um homem preocupado com o bom andamento da obra de Deus em todos os sentidos.
a) Procurou ele não somente dar instruções como também praticar o que ensinava;
b) Defendia o apostolado em sentido amplo, isto é, não somente o dele, mas dos demais Apóstolos (verdadeiros) (ICo. 9:3-14);
c) procurou se portar com as igrejas pobres de forma a não ser pesado a elas (At. 18:1-3; IICo. 11:8-9; 12:16-17; ITs. 2:6,9) – nesse tempo em que as ambições materiais andam no coração de muitos ‘obreiros’, seria muito bom que esses ‘obreiros’ olhassem o cuidado e temor para tais registros;
d) Paulo teve muito cuidado com relação às finanças; quando recolhia ofertas, procurou não se envolver com dinheiro (I Co. 16:1-4), conquanto pedisse ajuda aos mais abastados para socorro dos mais pobres (IICo. 8:1 – 9:1-15);
e) Paulo deu o exemplo também com relação ao ensino, a doutrina bíblica, ao ministério da Palavra (At. 20:18-21, 24-27; Rm. 1:8-12; Gl. 1:12; 5:16; Ef. 3:4; 14-21; ITm. 3:2; IITm. 4:1-2), na verdade, todas as suas cartas são cartas doutrinárias, umas endereçadas às igrejas, outras a obreiros, porém todas contendo instruções de fundamento doutrinário para edificação das igrejas e para aperfeiçoamento dos obreiros;
f) Paulo tinha o cuidado de não ir além do que está escrito (I Co. 4:6);
g) Paulo sabia colocar as experiências no devido lugar, jamais diminuindo a Palavra por causa de experiências (Gl. 1:8). Por isso a recomendação paulina de que “[...] sejam por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e no ensino” (ITm. 5:17);

- TIAGO -
a) Tiago, em sua epístola, traz conselhos práticos e repreensões fortes com relação à vida cristã. Sendo o Evangelho um modo de vida (Gl. 5:25), mostra-nos que abraçando-o pela fé deve se ter a disposição de vivê-lo intensamente sob a graça divina (Cl. 3:1-2);
i) Muitas vezes o ato de governar muitas vezes é colocado em prova diante do modo prático de se viver o evangelho. É assim que Tiago procura trazer aos cristãos as devidas responsabilidades espirituais, levando-os, ainda que num estilo forte, a refletir sobre as várias facetas do viver prático em Cristo. Não podemos esquecer que o objetivo de Cristo é conduzir-nos a estatura de varão perfeito (Ef. 4:13; Cl. 1:28), e isto muitas vezes nos leva contrastar a teoria cristã com a prática, eis porque Tiago faz alusão contrastando a humildade com a fragilidade das riquezas (Tg. 1:9,10);
j) Tiago, exorta com relação ao ser tentado e como o caminho do pecado é sutil e mortal, mas que tudo o que é prefeito vem do Pai das luzes (Tg. 1:13-18);
L) Em Tiago temos o conselho perfeito e a exposição prática de que governar bem muitas vezes exige posição firme, porém centrada no objetivo bíblico do crescimento espiritual (Tg. 1:2-4), com uma preocupação sadia por parte de quem governa, para levar o rebanho a viver plenamente o evangelho de Cristo em santificação;

- PEDRO -
As epístolas de Pedro também trazem profundidade bíblica para o bom desempenho do trabalho do presbítero, do líder – é importante notar que Pedro se intitula como servo e Apóstolo (II Pe. 1:1) – veja bem: primeiro servo, depois Apóstolo – e realmente era.

a) A primeira epistola de Pedro mostra como deve ser o bom procedimento cristão, faz forte referência sobre a vida familiar, não deixando de trazer o ensino teológico sobre a Pessoa de Jesus e o apascentamento do rebanho de Deus.
b) A segunda carta ocupa-se inteiramente com o ensino teológico e teocêntrico com relação à vida cristã, aos falsos mestres e o Dia do Senhor. Aquele que governa bem tem a responsabilidade de despertar pensamentos puros na mente da igreja (IIPe. 3:1; cf. Fp. 4:8);

 - JOÃO -
O Apóstolo João, presbítero (IIJo. 1; IIIJo. 1), também fala sobre a amplitude do evangelho de Cristo.
a) Ocupa-se ele a trazer para a igreja, a senhora eleita, ensinos práticos, e também profundamente teológico e teocêntrico para edificação espiritual;
b) Fala de verdades profundas sobre o amor, o viver na luz, as questões doutrinárias (destes últimos dias) contrárias à bíblia – os anticristos e os falsos espíritos – e por fim da necessidade e da alegria que produz o andar na Verdade, para quem faz como para quem ensina.

- JUDAS -
Judas,  fala da necessidade para aquele que governa, de que deve estar intimamente ligado com toda a Verdade doutrinária bíblica. Assim conduzirá a igreja pelo caminho da Verdade, livrando-a de cair nas garras dos falsos mestres e, através do ensino edificá-la sobre a santíssima fé em oração (v. 20).
Só governa bem aquele que estiver alicerçado em toda a Verdade. O Senhor é poderoso para suprir as necessidades de cada um, pois cada pessoa tem suas individualidades, suas competências, dificuldades, virtudes e capacidades; o Senhor sabendo disso, dispõe a cada um a virtude chamada humildade para ver e ocupar aqueles que o Senhor colocou ao seu lado com diferentes dons (Rm. 12:6a) a fim de auxiliar-lhe, pois "governar bem não significa governar sozinho" (Ex. 18:1-27; Js. 2:1; Jz. 4:4,6,18-24; 6:11; 7:4-6; II Rs. 22:8-11; Ed. 7:25; At. 14:21-23; I Co. 4:17; 16:10; 12:27-29; Ef. 4:11; Cl. 4:7-9; ITm. 1:3-4; IITm. 2:2; Tt. 1:5).

Podemos ver assim que governar bem glorifica o nome Deus e edifica a igreja; enquanto que governar sozinho denota domínio (controle completo, assenhorear-se, ser senhor), o que não cabe ao servo do Senhor, e não edifica o Corpo de Cristo (IICo. 1:24; IPe. 5:2-3).

O servo do Senhor para governar bem deve buscar no Senhor visão ampla (IRs. 3:9), conhecer-se a si mesmo (IRs. 3:7) e, em Cristo, buscar as habilidades necessárias para governar bem, segundo o que o Senhor quer (Rm. 12:3,6a; I Co. 1:1:6-11; 4:1-2; IICo. 11:6; ITm. 4:15; IITm. 1:6-7; 2:1-7; Tt. 1:5; 2:1; 3:8; Tg. 1:5-6).

Aqui finalizamos o início das instruções, mas que não param por aqui. Em seguida, teremos mais informações a serem compartilhadas com todos aqueles que querem crescer na graça e no conhecimento do Senhor. 

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